Em 2014 tive a chance de visitar a École42 em Paris. Eles estão fazendo uma experiência revolucionária na EDUCAÇÃO para a área de COMPUTAÇÃO. É impressionante ver centenas de iMac de 27 polegadas, bancados pela iniciativa particular, mas sem visar lucro.
Em funcionamento desde março de 2013, a escola propõe uma didática bem diferente, onde não há professores, livros ou centros acadêmicos. É uma iniciativa sem fins lucrativos do bilionário francês da tecnologia, Xavier Niel, criador do provedor de internet Free. Na mesma linha de outras iniciativas como code.org, Xavier quer ajudar a resolver a carência de desenvolvedores de software no mundo, ou pelo menos na França.
École 42 aceita até 300 pessoas por ano que devem ficar lá por 3 anos para conseguirem o diploma. Xavier nem se importa que esse diploma não seja válido para o ministério francês da educação, porque acredita que o próprio mercado dará o valor.
Para ser selecionado, a exigência é ter 18 anos e primeiro grau completo, mas o candidato deve passar pela “piscina”. A “piscina” é um programa de imersão onde 1000 candidatos passam duas semanas dormindo (ou não dormindo) dentro do espaço da própria École42 provando que são capazes de entregar projetos que resolvam os problemas passados.
Uma vez lá dentro, as disciplinas são baseadas em desafios, sem que haja uma teoria prévia. O aluno deve se virar para achar as informações necessárias na internet ou com outros alunos. Há também a figura dos tutores que propõe tais desafios e funcionam como mediadores e mentores.
Estive com o tutor David Giron, também conhecido como Thor, que me explicou que existem dois tipos de disciplinas:
• as disciplinas básicas, voltadas para linguagens ou técnicas de programação, onde os trabalhos são individuais
• as disciplinas de projeto, onde o trabalho é obrigatoriamente feito em grupo com o objetivo de entregar um projeto que supere o desafio dado.
Uma visita dessa nos faz pensar…
Será que é melhor que o ensino tradicional?
O modelo tem uma pegada que parece que vai dar certo, mas só o tempo dirá…
Esse modelo funcionaria no Brasil?
O nosso modelo educacional sempre me pareceu engessado e pouco focado no aprendizado do aluno.
Mas o modelo proposto precisa da iniciativa privada sem fins lucrativos. E isso me leva a uma última pergunta:
Por que ainda não temos bilionários da tecnologia no Brasil?
Lista Forbes…
(ok, tem o Eduardo Saverin, do Facebook, mas ele não está no Brasil…)
Porém, há investimentos educacionais feitos por outros ricos empresários, como o Ricardo Semler e também o nosso maior bilionário, Jorge Paulo Leman.