Liderança é um termo bem amplo e multidisciplinar, relacionado à Psicologia Social, Antropologia, Ciências Políticas, História. A liderança está presente em todos os grupos humanos, levando em conta que os líderes contam com uma personalidade, com traços marcantes e características que, em dado momento podem ter um papel decisivo para as organizações e, principalmente, em relação à vida das pessoas.
Há várias teorias sobre liderança, cada uma com sua posição filosófica, psicológica, sociológica. Cada qual com sua corrente, suas definições, funções, explicações e características.
Se fossemos realmente estudar esse assunto, voltaríamos à “pré-história da liderança”. Desde os primórdios da humanidade incentivada pela necessidade de sobrevivência em sua interação com a natureza, de conhecer e transformá-la mediante o trabalho, a partir da necessidade de grupos de pessoas e a colaboração entre elas.
Passaríamos por histórias bíblicas, a contribuição de filósofos da antiga Grécia para o pensamento, como Aristóteles, Sócrates e em especial, Platão, que reconheceu as diferenças individuais entre os homens e a divisão de trabalho de acordo com sua capacidade.
Durante a Revolução Industrial, a consequente socialização do trabalho e a necessidade de cooperação a partir do desenvolvimento de processos fabris levaram à busca de regularidades na direção de grandes grupos de pessoas.
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Conceitos sobre liderança
Diante desse contexto, vemos alguns conceitos sobre liderança:
– “Liderança é o processo de dar propósito (direção significativa) ao esforço coletivo e provocar o desejo de despender este esforço para se atingir o objetivo.” (Jacobs e Jaques, segundo Yukl, 1998)
– “Liderança é o processo de influenciar as atividades de um grupo organizado em direção à realização de um objetivo.” (Rauch e Behling, segundo Yukl, 1998)
– “Liderança é o que dá a uma organização sua visão e capacidade para transformar essa visão em realidade.” (Bennis, 1988)
– “Liderança é influência pessoal, exercida em uma situação e dirigida através do processo de comunicação, no sentido do atingimento de um objetivo específico ou objetivos.” (Tannenbaum, Wesheler e Massarik, segundo Yukl, 1998)
– “Liderança não é apenas uma questão de posição, mas também de caráter, ambição, inquietude e curiosidade.” (M. Hammer, 1994)
– “A liderança consiste em influir nas pessoas para que cooperem com o fim de alcançar um objetivo comum.” (H. Koontz, C. O’Donnel, 1975)
– “Liderança é a influência interpessoal exercida em uma situação, dirigida através do processo de comunicação humana à consecução de um ou diversos objetivos específicos.” (I. Chiavenato, 1993)
Características de personalidade do líder
Há muitos e muitos anos, filósofos, pedagogos, sociólogos, antropólogos, psicólogos e outros especialistas da organização e comportamento se questionam a respeito da importância da personalidade dos dirigentes para as organizações.
O enfoque de traços psicológicos consiste no fato de que a liderança se expressa em pessoas que têm certas características de personalidade, sendo que aqueles que não são líderes não apresentam essas características na mesma proporção.
Traços psicológicos são:
- inteligência;
- sociabilidade;
- tipo de temperamento;
- dinamismo;
- traços do caráter;
- simpatia;
- credibilidade;
- bom comunicador;
- tato;
- confiança em si mesmo;
- segurança;
- habilidade para prever;
- entre outras.
Outros especialistas dizem que os líderes possuem “carisma”. Alguns também afirmam que o líder é inato.
De todas as características até aqui atribuídas à liderança, a flexibilidade e capacidade de influenciar incide em vários estudos. Segundo James C. Hunter, autor do livro O Monge e O Executivo, liderança é “a habilidade de influenciar pessoas para trabalharem entusiasticamente visando a atingir objetivos comuns, inspirando confiança por meio do caráter”.
Liderança Situacional, Liderança Transformacional, Transcendente, Liderança Ressonante, Servidora…. E tantas outras teorias ainda irão surgir mediante o cenário em que estaremos inseridos, buscando um equilíbrio entre a teoria sobre liderança mais adequada às práticas de direção organizacional.
Mas afinal, qual é a diferença entre chefe e líder?
Sabemos que para uma organização existir, existem atividades que são inerentes ao seu bom funcionamento, mas nem sempre essas atividades são inspiradoras ou tidas como mais nobres.
Sim, como gestores, temos atividades burocráticas e outras mais inspiracionais. Ambas vão caminhar juntas, ou pelo menos próximas, e cabe ao gestor buscar o equilíbrio entre estes dois mundos.
Quando pensamos em chefe e líder, as diferenças são mais comportamentais do que necessariamente associadas às atividades.
Algumas diferenças entre chefe e líder:
Para o chefe, sua autoridade vem do cargo que ocupa. Há mais temor do que respeito. Já o líder lidera pelo exemplo e conquista o respeito pelo seu caráter e suas atitudes.
Sobre tomar decisões, o chefe vai querer sempre decidir sozinho, porque ele considera que só ele está apto para isso. O líder, em contrapartida, envolverá os liderados nas decisões, facilitando e inspirando a decisão.
Na delegação de tarefas, a tendência do chefe é centralizar as atividades em torno dele mesmo. Não delega funções nem autoridades. Por outro lado, o líder confia nos seus liderados, mas sabe delegar de forma responsável.
Sobre transmissão de informações, a tendência é que o chefe detenha informações e as retenha, não passa adiante. Já no conceito de liderança moderna, essas informações devem ser filtradas, separando aquilo que é estratégico, que deve ficar com o líder, daquilo que é operacional, ou seja, o modo de se trabalhar.
O que é ser líder ágil?
E o que é ser o líder que transforma? O que é ser líder ágil?
O especialista em liderança James McGregor Burns apresentou o conceito de liderança transformacional em seu livro de 1978, Liderança. Ele definiu liderança transformacional como um processo em que “líderes e seus seguidores levantam um ao outro a níveis mais altos de moralidade e motivação”.
Bernard M. Bass, em 1985, em seu livro Liderança e Desempenho além Expectativas, desenvolveu um pouco mais o conceito de liderança transformacional:
- É um modelo de integridade e justiça;
- Estabelece objetivos claros;
- Tem grandes expectativas;
- Incentiva outras pessoas;
- Fornece suporte e reconhecimento;
- Agita (mexe com) as emoções das pessoas;
- Faz com que as pessoas olhem além do interesse próprio;
- Inspira as pessoas a alcançarem o improvável.
O tempo todo o termo VUCA é citado pelos quatro cantos do mundo e tem tudo a ver com liderança e com o papel do líder.
VUCA é um acrônimo para descrever quatro características marcantes do momento em que estamos vivendo: Volatilidade, Incerteza, Complexidade e Ambiguidade.
Esse termo foi cunhado pelo exército americano, em 1990, para descrever o cenário enfrentado pelos soldados em suas batalhas. Mais recentemente, o VUCA foi adotado no mundo corporativo para descrever os desafios das empresas no ambiente de negócios caracterizado pela evolução constante, rápida e imprevisível.
O mundo VUCA e o líder ágil
O mundo VUCA e o líder ágil caminham juntos. Cabe a esse novo tipo de liderança desenvolver características ou atributos que facilitem essa caminhada.
Para nós da K21, o líder ágil é aquele que promove:
- Experimentação;
- Colaboração;
- Melhoria contínua;
- Priorização estratégica;
- Consciência.
O líder ágil é aquele que consegue criar esse estado em três níveis diferentes: indivíduo, time e empresa.
- Individual: impactando a si mesmo e outros indivíduos da organização, inclusive seu cliente;
- Time: impactando times ou subtimes;
- Empresa: impactando na organização como um todo.
O desenvolvimento da liderança deve ser direcionado para que os líderes compreendam sobre o negócio e suas reais necessidades. Para que os líderes aprendam a responder mais rapidamente ao mercado competitivo, às mudanças econômicas e políticas. E para que sejam cada vez mais responsáveis por si e pelo impacto que geram em cada indivíduo e na organização.
Num mundo com mudanças constantes, os comportamentos e respostas dos líderes devem ser rápidos e inspiradores. Com desejo e curiosidade de se envolver em situações novas e ampliar suas experiências e perspectivas para ter insights.
Líderes buscam feedback e fazem reflexões para incorporar as lições aprendidas, acessam aprendizados de experiências passadas para enfrentar com destreza novos desafios.Têm a capacidade de assumir riscos e criar em conjunto.
O líder ágil é um intra-empreendedor e não mais só um executivo.
O papel da liderança ágil
É papel da liderança ágil demonstrar e vivenciar com atitudes e exemplos a cultura que esperamos da organização. Realizar um ajuste entre a cultura (valores e comportamentos) e as estruturas (métodos, processos, sistemas). Não recompensar e incorporar aos mecanismos os comportamentos que não queremos.
Comportamentos e atitudes da liderança ágil:
- ser simples em sua forma de pensar e agir;
- ter visão sistêmica do seu negócio e sempre buscar melhorá-lo;
- ter foco e capacidade de estimular seu time;
- permitir os erros e aprender com eles;
- estimular o melhor das pessoas por meio de um ambiente construído com confiança e transparência;
- estabelecer conexões genuínas;
- entender as necessidades: suas, das pessoas, do seu cliente e do seu negócio;
- ser o exemplo por meio de suas atitudes e comportamentos;
- zelar pelo bem das pessoas;
- ser flexível e adaptável;
- tornar possível o auto-gerenciamento;
- comunicar sua perspectiva para as pessoas e co-criar com a perspectiva delas;
- estimular a colaboração e não a competição;
- ter sua atuação como coach;
- buscar ser a melhor versão dele mesmo continuamente;
- ser capaz de entregar valor para seu time, seu cliente e seu negócio.
O líder na Evolução do Negócio
No processo de Evolução do Negócio, Transformação Ágil ou Digital bem-sucedida, os líderes têm papel essencial. Mas para que isso aconteça, eles devem estar alinhados aos valores desejados da organização, sejam esses valores ágeis ou não.
Para o líder ágil é importante também cultivar uma mentalidade que busque a agilidade nos negócios e para além dele.
Além de desenvolver a autoconsciência é importante os líderes se perceberem no momento atual e entenderem quais são os principais pontos em seus comportamentos e atitudes que devem ser trabalhados. O objetivo disso é alinhar seu desenvolvimento ao sistema de valores da organização.
Os líderes devem descobrir como aprender rápido, desenvolver seu pensamento criativo e crítico, e dedicar tempo para isso. Para desenvolver novas habilidades é imprescindível reservar um tempo para dedicar-se ao seu desenvolvimento pessoal.
A partir de dois especialistas que usamos de base para esse estudo, James McGregor Burns e Bernard M. Bass, confira alguns passos para ser um líder transformador:
- Criando uma visão inspiradora do futuro. Motivar as pessoas a comprar e entregar a visão.
- Gerenciando a entrega da visão.
- Criando relacionamentos cada vez mais fortes e baseados em confiança com as pessoas.
Três dicas para ser um líder ágil
Fatiamos e queremos deixar aqui três dicas que você consegue começar a usar amanhã, independentemente de contexto:
Dê exemplo
O líder deve desenvolver sua autodisciplina e resistência. Dê um bom exemplo para seu time e para todas as pessoas que podem observar suas atitudes, avaliando se condizem ou não com as atitudes de um líder.
Seja presente
Mantenha-se próximo (mesmo a distância!), acessível.
Comunique-se
Uma comunicação clara é essencial. Dedique um tempo para garantir que suas comunicações sejam acessíveis e entendidas. Forneça e receba feedback claro e regular (contínuo), para que as pessoas saibam o que você espera e te digam o que esperam de você.
Entender as necessidades individuais vai ajudá-los em seu desenvolvimento. Para construir confiança com sua equipe, seja aberto e honesto em suas interações.
Importante!
Líderes ágeis são flexíveis e inspiram grande lealdade e confiança nos membros de sua equipe, que se tornam seus seguidores. Líderes ágeis inspiram sua equipe a alcançar seus objetivos.
Quer se aprofundar na liderança ágil? Participe da próxima turma de RH Ágil, um treinamento oficial K21, onde você vai entender e aprender como o RH se torna agente para transformação organizacional por meio da Cultura Ágil.
Um agradecimento especial a Jane Teixeira e ao Danilo Alencar, pela ajuda na construção do texto sobre Liderança Ágil para a K21.
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