Uma definição comum para “ágil” poderia ser: “que se movimenta com facilidade; ligeiro, leve”.
O nome “Ágil” (ou “Agilidade”) foi escolhido para representar um movimento que surgiu em meados dos anos 90 em resposta aos pesados métodos de gerenciamento de desenvolvimento de software que predominavam na época, que aqui chamamos de “métodos tradicionais”.
O método tradicional mais conhecido para o desenvolvimento de software é o modelo em cascata, ou waterfall. Esse modelo foi inicialmente descrito por Royce em 1970 e se caracteriza por uma sequência de fases de desenvolvimento, em que cada fase somente se inicia quando a anterior se encerra, e a saída de uma fase é a entrada da fase seguinte, como mostrado na figura [ref-label 2-1]. Royce, no entanto, criticava o modelo em seu artigo, afirmando que, para o desenvolvimento de software, seu uso era arriscado.
O modelo em cascata ou waterfall, conforme definido por Royce (1970)
Os métodos tradicionais são fortemente prescritivos e, de forma geral, se caracterizam pelo foco em planos detalhados definidos no princípio do projeto, como custo, escopo e um cronograma detalhado, em microgerenciamento, no poder centralizado, em processos cada vez mais complicados e em extensa documentação. Mudanças são fortemente indesejadas. Acreditava-se que, pelo uso desses métodos, seria possível tratar o desenvolvimento de software como um processo previsível, no que, quanto mais falhavam, mais pesados e complexos esses métodos se tornavam.
Scrum e Extreme Programming, por exemplo, são Ágeis porque, assim como outros métodos, metodologias e frameworks, sua utilização deve seguir os princípios e valores do Manifesto para o Desenvolvimento Ágil de software. Esse Manifesto foi criado em fevereiro de 2001 em uma reunião que aconteceu na estação de esqui de Snowbird no estado de Utah, Estados Unidos. Assinaram-no dezessete líderes representantes de ideias, metodologias e processos que, em contraste com as práticas predominantes na época, estavam trazendo valor para seus clientes por meio de abordagens leves e empíricas para projetos de desenvolvimento de software.
Nesse encontro histórico, não havia entre os participantes a intenção de unificar suas formas de trabalhar. A expectativa de se chegar a qualquer tipo de consenso era limitada e variada. No entanto, apesar das diferentes práticas defendidas, os participantes encontraram um conjunto de valores em comum e, ao final de três dias, estabeleceram o termo “Ágil” para representar o novo movimento.
O Manifesto Ágil, como ficou conhecido, pode ser encontrado em http://agilemanifesto.org em diversas línguas, inclusive em português do Brasil (eu mesmo participei desse esforço de tradução). Ao procurar na Internet pelos nomes dos signatários originais do Manifesto e por suas ideias, pode-se ver o quanto representativa a grande maioria deles ainda é.