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“Quando fica pronto?” não é a pergunta mais importante

23/10/16 - 2 minutos de leitura

Com métodos ágeis entregamos mais valor com antecedência e qualidade. Mesmo assim, ainda há pessoas perguntando “Quando fica pronto?”. A pergunta é válida e devemos mesmo nos preparar para respondê-la. Existem várias técnicas que ajudam a simplificar a forma de obter a resposta:
Story points, planing poker, #noestimates, algoritmo de Monte Carlo, entre outros.

Mas o ponto aqui é: essa pergunta não é a mais importante.
Há outros questionamentos mais relevantes:

– Quando a primeira versão entra no ar?
– Com que frequência vamos atualizar o produto?
– Estamos entregando as coisas mais importantes a cada versão?
– Qual é o ponto mais cedo possível em que pararemos o projeto?
– Qual é o nosso Lead Time?

Jogo de ilusões

Uma pergunta que já tem sido deturpada há muito tempo:

"Quando fica pronto?" não é a pergunta mais importante 1

Ao sairmos do modelo “all in” do waterfall para um modelo iterativo incremental, o Negócio deve mudar a forma como demanda o time de desenvolvimento.

Analogia metrô x avião

Qual o planejamento necessário para uma viagem de avião, com o objetivo de participar de um congresso internacional?

Passagem, hotel, dinheiro, passaporte, visto, talvez até vacina.

O que acontece se perdemos o avião?

Se houver algum vôo em seguida, pagando uma fortuna, talvez ainda se consiga algo. Mas muito provavelmente, uma nova oportunidade só acontecerá dali a um ano, na próxima edição do congresso.

Assim são os projetos de longo prazo. Se perder aquela chance, só dali a um ano. Aliás, isso só piora a lista de requisitos, pois a gente pergunta tudo no início e ainda diz que “se não pedir tudo agora, só poderá pedir daqui a um ano para ser entregue em dois”.
Então é claro que o cliente vai pedir aquilo que ele nem sabe se vai precisar, só para garantir.

Qual o planejamento necessário para pegar um metrô?

Bilhete na mão.

O que acontece se perder esse metrô?
Dali a 6 minutos vem outro. É só entrar.

Com métodos ágeis é isso que acontece. Tem um metrô saindo com alta frequência: toda hora sai um. A necessidade de planejamento antecipado é muito menor. Se perder um, logo vem outro. Se esqueci de pedir aquela feature posso pedir semana que vem, na próxima iteração.

Estendendo a analogia do metrô x avião

Imagine que você é um fiscal de avião. Perguntar quando o avião sai é fundamental, pois é necessário saber exatamente a hora e o minuto de partida. Mas imagine que você agora é fiscal de metrô. As perguntas são outras. Não faz sentido perguntar em que minuto sai o trem. As perguntas que fazem sentido são: com que frequência estão saindo os trens? Quantos passageiros estão levando por vez? Os mais importantes estão indo primeiro?

Perguntar quando fica pronto ainda tem sua importância, mas não tanto quanto as questões listadas no início. Além do time de desenvolvimento ser ágil o negócio tem que pensar de maneira ágil, sem os velhos paradigmas de planejamento de projeto.

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Escrito por

Rodrigo De Toledo

Co-fundador e Trainer na K21


Rodrigo de Toledo é co-fundador da K21, Certified Scrum Trainer (CST) pela Scrum Alliance, Kanban Coaching Professional (KCP) e Accredited Kanban Trainer (AKT) pela Kanban University, além de Licensed Management 3.0 Facilitator. Com Ph.D na França, possui diversos artigos internacionais e lecionou por doze anos na PUC-Rio e na UFRJ, duas das principais universidades da América do Sul.
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